
HISTÓRIA |
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O ISCAP,
com a designação que lhe conhecemos hoje - Instituto
Superior de Contabilidade e Administração do Porto,
advém do Decreto-Lei n.º 327/ 76, de 6 de Maio, embora
as suas raízes históricas sejam bem mais longínquas.
De facto, foi em 1886 que o Instituto Industrial e Comercial
do Porto foi fundado (Decreto de 30 de Dezembro, 1886), pelo
então ministro Emídio Navarro que lança as bases
teóricas da organização do ensino industrial
e comercial do nosso País.
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Em 1891, as reformas de ensino técnico de João Franco
mantiveram inalteráveis as secções industrial
e comercial deste Instituto, não as transformando em escolas
independentes. Os cursos elementares de comércio foram suprimidos
e o curso superior fica reduzido a três anos e dividido em dois
graus.
O Instituto Comercial
e Industrial do Porto vê, em 1896, serem reconhecidos
os seus Cursos Superiores, equiparados aos das demais escolas: o antigo
Curso Superior de Comércio (criado pelo Decreto de 30 de Dezembro
de 1886) e o Curso Superior ministrado nos Institutos Industriais
e Comerciais.
O Instituto Industrial e Comercial do Porto viveu
um percurso atribulado, pela falta de orientação definitiva,
até 1918, data da publicação do Decreto n.º
5 029, de 1 de Dezembro, que separou a sua parte comercial, desdobrando-a
num Instituto Comercial do Porto e num Instituto
Superior de Comércio do Porto.
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Nesta data dá-se pela primeira vez a separação
dos Institutos Comerciais em relação
aos Institutos Industriais, situação que se manteve
até 1924. Esta segmentação é no entanto
temporária, pois rapidamente se fundem de novo estas áreas
do saber e só em 1933 se opta por uma segmentação
definitiva.
O então apelidado de Instituto
Comercial do Porto é conhecido à época
por deter o maior nível de estudos mercantis da capital nortenha
e também por ser um estabelecimento de ensino técnico
médio com ambiência de ensino superior em diversos aspectos
da sua vida académica.
A reforma operada pelo Decreto-Lei
n.º 38 031, de 4 de Novembro de 1950, em nada vem alterar as
características deste estabelecimento de ensino. Pelo contrário,
a conjuntura política de 1974 vem operar profundas alterações
na vida deste Instituto, pois, na altura, crescem em importância
os cursos de carácter marcadamente técnico.
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Neste novo contexto, o progresso
do País exigia o bom desempenho de quadros técnicos
superiores, que na altura escasseavam. Assim, o ISCAP,
é reconhecido como uma das escolas que, ao longo dos séculos,
formaram gerações de profissionais e é inserido
nos estabelecimentos de ensino superior.
Este acontecimento possibilita
aos diplomados pelos Institutos Comerciais receberem a designação
de bacharéis, um grau que “constitui habilitação
própria para admissão ao estágio para professor
do 6º grupo do ensino técnico profissional” .
Esta legislação
é percursora daquela que vai, mais tarde, integrar os Institutos
Comerciais na rede de ensino superior – o Decreto-Lei n.º
327/ 76, de 6 de Maio. É assim que nasce a actual designação
de Institutos Superiores de Contabilidade e Administração,
com o estatuto de “escolas superiores, dotadas de personalidade
jurídica e autonomia administrativa e pedagógica”,
habilitadas a conferir “os graus de bacharelato, licenciatura
e doutoramento”.
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No ano lectivo de 1975/ 76, o Instituto de Contabilidade e
Administração do Porto passa a ministrar, ao
abrigo do Decreto-Lei n.º 313/ 75, os Cursos de Bacharelato de
Contabilidade e Administração e Línguas e Secretariado.
Estes cursos foram posteriormente regulamentados pela Portaria n.º
918/ 83, de 7 de Outubro e sofrearam sucessivos reajustamentos de
acordo com as evoluções das ciências económica
e contabilística e das exigências do mercado de trabalho.
O Instituto vive, no entanto,
um período conturbado, após a data de 1976, em virtude
da indefinição existente no País. Os Institutos,
habilitados a conferir os graus de Bacharelato, Licenciatura e Doutoramento,
deveriam ser integrados no Ensino Superior Universitário, mas
disposições legais posteriores procuravam o seu enquadramento
no Ensino Superior Politécnico.
Este contexto de indefinição
só terminou com a identificação das Escolas/
Institutos Superiores que resultavam da reconversão ou evolução
de Escolas anteriores e com a integração do Instituto
Superior de Contabilidade e Administração do Porto no
Instituto Politécnico do Porto em 1988, através do Decreto-Lei
n.º 70/ 88 de 3 de Março.
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Este novo quadro legal resulta do facto de os Institutos visarem a
formação superior de técnicos qualificados nos
domínios da Contabilidade e Administração e promover,
num âmbito geográfico, o intercâmbio entre o ensino
e as estruturas económicas e sociais. Foram também encontradas
semelhanças entre os objectivos do Ensino Superior Politécnico
e os dos Institutos de Contabilidade e Administração,
o que veio reforçar este novo enquadramento.
O Decreto-Lei n.º 443/ 85,
de 24 de Outubro, estabelece a orgânica dos Institutos Superiores
de Contabilidade e Administração determina também
que o seu pessoal docente passe a reger-se pelo Decreto-Lei n.º
185/ 81, de 1 de Julho, que criou a carreira de Ensino Superior Politécnico.
Entretanto, foram também criados os Cursos de Bacharelato e
Estudos Superiores Especializados, graus que a Lei de Bases do Sistema
Educativo qualifica expressamente como próprios do Ensino Superior
Politécnico.
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Em 1988 surge o Curso de Bacharelato Aduaneiro que, a partir do ano
lectivo de 1993/ 94, adopta a designação de Estudos
Superiores de Comércio, sucedendo esta à de Curso Superior
Aduaneiro. O Curso de Bacharelato de Marketing é inaugurado
no ano lectivo de 1996/ 97 para permitir o “preenchimento de
uma lacuna, pois o seu objectivo de estudo procura suprimir uma carência
agravada pelas necessidades de técnicos superiores na área
dos serviços face à competitividade das empresas, fundamentalmente
em resultado da integração de Portugal na União
Europeia”.
A Portaria n.º 751/ 86,
de 17 de Dezembro, criou também os Cursos de Estudos Superiores
Especializados (CESE’s), que conferiam diplomas equivalentes
a licenciaturas: Auditoria, Controle Financeiro, Secretariado de Gestão
e Administração e Técnicas Aduaneiras. Em 1991,
é criado o CESE em Contabilidade e Administração
de Empresas e Tradução Especializada, este último
em 1995.
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Os CESE’s seriam reformulados pela Portaria n.º 1152/ 94,
de 27 de Dezembro, passando a ter apenas a duração de
dois semestres lectivos e um terceiro para a realização
de seminários e do projecto profissional, conferindo o grau
de licenciatura, em determinadas condições.
Em 1995, a Portaria n.º
1170/ 95, de 23 de Setembro, cria o CESE em Tradução
Especializada. No final do ano lectivo de 1997/ 98, o ISCAP
colocava no mercado de trabalho alunos habilitados com os CESE’s
em Auditoria, Gestão Financeira, Contabilidade e Administração
de Empresas, Assessoria de Gestão, Comércio Internacional
(ramos Gestão Internacional e Administração Aduaneira)
e Tradução Especializada.
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Em virtude da reformulação levada a cabo, o ISCAP
passa a leccionar, a partir de 1998, as Licenciaturas de Contabilidade
e Administração (ramos Contabilidade e Administração,
Administração Pública, Gestão Financeira
e Auditoria), Comércio Internacional, Línguas e Secretariado
(ramo Secretariado de Gestão e Tradução Especializada)
e Marketing.
Já com novas instalações,
inauguradas oficialmente em 1996, o ISCAP recebe nos finais desta
década o Mestrado em Contabilidade e Administração,
organizado pela Universidade do Minho, e em parceria com o Instituto
Politécnico do Porto.
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A nova dimensão do Instituto, bem como o desajuste das instalações
que até aqui vinha a ocupar na Rua de Entreparedes e na Rua
Alexandre Herculano, desde respectivamente 1933 e 1975, origina a
criação de um novo espaço, construído
de raiz para o efeito. Uma mudança ainda mais evidenciada pelo
facto de o número de alunos ter crescido em paralelo com o
aumento e o prestígio dos diversos cursos leccionados, em regime
diurno e nocturno. Os números são, aliás, reveladores:
de 1896 alunos, inscritos no ano lectivo de 1988/ 89, o ISCAP passou
para 3467 no ano lectivo de 1996/ 1997.
Apesar de inauguradas em 1996,
a mudança para o novo edifício processa-se um ano antes,
em Novembro. O antigo edifício de Entreparedes continua hoje
a ser propriedade do ISCAP e constitui um exemplar
raro de arquitectura no nosso País.
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Hoje, o ISCAP possui uma comunidade de estudantes
de cerca de 5 000 alunos, 220 professores e 60 funcionários,
constituindo uma referência obrigatória no estudo das
ciências económicas, contabilísticas e empresariais
do nosso País e, em particular da Região do Norte, onde
desenvolveu a sua actividade, prestando um contributo decisivo para
o desenvolvimento da vida económica e social.
Mais que o seu passado e a sua
memória colectiva que a cidade do Porto deixou de dispensar
desde 1886, esta instituição, naco de recordações
de diferentes gerações de alunos, professores e demais
funcionários guarda para si, vivências e convivências
comemoráveis que só o tempo futuro, cautelosa e pacientemente
estudado, dará a conhecer.
Este apuro qualitativo, em termos
de ensino, é, aliás, particularmente, visível
na estrutura curricular dos cursos leccionados, aprimorada por anos
de experiência.
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