DIA INTERNACIONAL DOS MONUMENTOS E SÍTIOS 2020 | Património Partilhado: Culturas Partilhadas, Património Partilhado, Responsabilidade Partilhada | 17 de Abril de 2020, 10.00, Canal de YouTube do CEI

DIA INTERNACIONAL DOS MONUMENTOS E SÍTIOS 2020

Património Partilhado: Culturas Partilhadas, Património Partilhado, Responsabilidade Partilhada

17 de Abril de 2020 | Canal de YouTube do CEI

PROGRAMA

Abertura

10.00 – Clara Sarmento (CEI, ISCAP-P.PORTO) – O projeto StreetArtCEI e a responsabilidade de preservar/partilhar culturas marginais.

10.20 – Maria de Fátima Lambert (InED, Escola Superior de Educação/P. Porto) – Iconografia paisagística do confinamento: a Mata do Bussaco [responsabilidade estética partilhada].

10:40 – Luisa Silva e Isabel Ricardo (CEI, ISCAP-P.PORTO) – Os labirintos urbanos do projecto StreetArtCEI.

11:00 – Luciana Oliveira (CEI, ISCAP-P.PORTO) – Do real para o virtual: Partilhar culturas na web.

11:20 – Laura Tallone, Sara Pascoal e Marco Furtado (CEI, ISCAP-P.PORTO) – Arte pública, património partilhado: Resultados de um projeto pedagógico entre o ISCAP, o MIEC e a Google Arts&Culture. 

11:40 – Gisela Hasparyk Miranda (CEI, ISCAP-P.PORTO) – Street Music no Porto: Conscientização e Impacto sociocultural.

12:00 – Pedro Furão (CEI, ISCAP-P.PORTO) – As Artes de Rua: Do graffiti à(s) Arte(s) Urbana(s).

12:20 – Rogério Miguel Puga (CEI, ISCAP-P.PORTO e CETAPS, NOVA FCHS) – A Literatura como Património Imaterial.

12:40 – Anxo Fernández Ocampo (Universidade de Vigo) – Tradución, esoxénese e património.

13:00 – Debate aberto – Enviar questões para: cei@iscap.ipp.pt


RESUMOS

O projecto StreetArtCEI e a responsabilidade de preservar/partilhar culturas marginais
Clara Sarmento (CEI, ISCAP-P.PORTO)

O projecto StreetArtCEI e a responsabilidade de preservar/partilhar culturas marginais” descreve um projecto em desenvolvimento – StreetArtCEI – que tem como missão esbater as fronteiras entre culturas dominantes e marginais, suas práticas, símbolos e manifestações estéticas, no espaço efémero da cidade, através da descoberta, registo e preservação digital de obras de graffiti e street art no Porto, Grande Porto e Norte de Portugal. Utilizando as ferramentas conceptuais dos Estudos Interculturais, o projecto StreetArtCEI cumpre a responsabilidade de despertar visitantes e habitantes para as manifestações urbanas de estéticas auto- e hetero marginalizadas, seleccionadas pela sua policromia, intenção comunicativa e impacto visual, organizadas por recorrência espacial, autoral e temática, sempre em acesso livre. A metodologia do projecto inclui a recolha e o estudo tanto de obras ilegais e localizadas em suportes remotos ou inesperados, sem aprovação das autoridades; como de obras sancionadas e comissionadas por entidades públicas e privadas, em pontos turísticos e artérias centrais. Independentemente do reconhecimento público ou do anonimato do autor, StreetArtCEI propõe uma busca pela arte escondida nos labirintos urbanos e conduz uma corrida contra o tempo e a censura. StreetArtCEI assume a responsabilidade de localizar, registar e partilhar as narrativas visuais criadas por artistas anónimos nos percursos da vida quotidiana, com as suas mensagens implícitas sobre as práticas, percepções e representações sócio-espaciais das comunidades. Esta comunicação questiona ainda a relação entre a investigação científica e os efeitos da comodificação e da gentrificação urbanas no Porto e Norte de Portugal. A arte é um factor potencial de empoderamento sócio-económico, descentralização e desenvolvimento, desde que não se transforme em mais um factor de segregação social, uma vez que as respostas às alterações nas identidades urbanas deverão ser sempre democráticas, sustentáveis e inclusiva.

Iconografia paisagística do confinamento: a Mata do Bussaco [responsabilidade estética partilhada]
Maria de Fátima Lambert (InED, Escola Superior de Educação/P. Porto)

A Arte atual cumpre missões que, frequentemente surpreendem os públicos. Na sua multifacetada ação pensante, na pluralidade ativadora – que não se reduz ao artista, pois implica o recetor – aplica-se a designação de José Ernesto de Sousa, sendo o público um “operador estético”. Neste estudo, reflete-se, sobre o autor-artista-recetor que olha a paisagem natural, a converte em paisagem cultural e se vivifica na Natureza; como, ao observar, se vê a si mesmo, dela sendo, portanto, partícipe. A responsabilidade, além do bom senso e das bases conceituais, alimentam uma atuação consonante à paisagem “total”. Não apenas a paisagem reconhecida pelas convenções, mas a paisagem que é uma convicção maior. Os questionamentos sobre paisagem, na Arte e Estética, repensam a ideia de Natureza, através de artistas que colaboram nesta exigida nova ordem antropológica, societária e global – compenetrada, por desígnio pessoalizado, na pertença que é transversal e gregária.

Os labirintos urbanos do projeto StreetArtCEI
Luisa Silva e Isabel Ricardo (CEI, ISCAP-P.PORTO)

O graffiti e a street art tornaram-se uma característica comum no espaço visual urbano. Além da regeneração e embelezamento de áreas degradadas e inseguras, contribuem igualmente para a dinamização cultural e diversificação turística da cidade. Como resultado do trabalho de campo desenvolvido pelo projeto Street Art CEI, foram criadas rotas da arte, inesperada e anónima, no espaço público do Grande Porto. A metodologia de trabalho envolve fotografar, categorizar e extrair padrões de recorrência geográfica, a partir dos quais surgem novas rotas, não só para os turistas,
mas também para o uso e capacitação das comunidades locais. Criar e partilhar conhecimento da arte escondida nos percursos do nosso quotidiano, transformando a forma como vemos e participamos, social e culturalmente, a cidade.

Street Music no Porto: Conscientização e Impacto sociocultural
Gisela Hasparyk Miranda (CEI, ISCAP-P.PORTO)

Em cada performance musical no espaço urbano nasce um diálogo entre a arte o meio que enriquece o espaço produzindo movimento e criando uma onda de diferentes contextos e conteúdos musicais. Uma apresentação de um artista no espaço público é mais do que uma simples performance, é também um convite ao simples transeunte para parar, olhar e desfrutar, não só da música, mas do espaço envolvente. Ao causar impressões inusitadas, os músicos e a música de rua incitam uma maior consciência cultural, alargam horizontes sobre a música em geral e elevam a percepção consciente sobre o próprio espaço urbano.

As presentes reflexões nascem do trabalho que vem sendo desenvolvido no projecto StreetMusicCEI, um spinn-off do Projecto StreetArtCEI.

As Artes de Rua – Do graffiti à(s) Arte(s) Urbana(s)
Pedro Furão (CEI, ISCAP-P.PORTO)

A Arte permite sempre uma polissemia de significados e o próprio conceito é ambíguo. A Arte Urbana partilha essa característica, a indefinição e a múltipla possibilidade de definições que têm sido apresentadas. Com a passagem das ruas para as galerias, há uma perda de cultura ou uma promoção dela? Houve todo um desenvolvimento do graffiti interventivo e furtivo até aos “Hall Of Fame” comissionados hoje a artistas anteriormente perseguidos pelas autoridades. Hoje há quem englobe muito mais que o graffiti na Arte Urbana, ou artes urbanas, esta que habita quer as ruas, quer as galerias, numa miríade de estéticas e suportes.

Arte pública, património partilhado: resultados de um projeto pedagógico entre o ISCAP, o MIEC e a Google Arts&Culture
Sara Pascoal, Laura Tallone, Marco Furtado (CEI, ISCAP-P.PORTO)

O escultor português Alberto Carneiro (1937-2017), o grande mentor do Museu Internacional de Escultura Contemporânea de Santo Tirso (MIEC), define arte pública como “ a arte que não está no museu, que não está enclausurada, que está aberta 24 horas por dia”. Património partilhado e lugar de memória (Nora, 1993), a arte pública é, no entanto, uma utopia. Sendo direcionada ao público é por ele, não raras vezes, ignorada. A arte pública, como defende Gérard Xuriguera, só interessa ao público quando “a escultura, essa massa enorme, lhe barra o caminho”. A importância da arte pública e a sua relevância no espaço público é, porém, inegável. Desde os gregos aos romanos, a arte pública foi usada para representar não só o poder, mas também para a educação, a força e o crescimento económico e cultural de uma sociedade.

O ISCAP, através do Mestrado em Intercultural Studies for Business, participou num projeto interdisciplinar e colaborativo, que envolveu todos os alunos e quatro unidades curriculares – Cultura Francesa, Alemã e Espanhola para Negócios III e Tecnologias de Comunicação Intercultural. Os alunos e professores do MISB participaram no projeto de curadoria de uma exposição virtual do acervo do MIEC, hospedada na plataforma Google Arts & Culture. Através da metodologia project based learning que visa refletir sobre o património cultural e a transformação de bens culturais em produtos comercializáveis, esta exposição tentará também promover o património cultural português e a arte pública em particular, visando a sua disseminação e fruição por públicos cada vez mais alargados.

Esta comunicação descreverá as questões pedagógicas interdisciplinares subjacentes a este projeto, refletindo sobre seu design, metodologia, gestão e resultados, com foco em (1) desenho e gestão de um projeto interdisciplinar na área das indústrias culturais; (2) definição de objetivos, critérios e metodologias (3) utilização da plataforma Google Arts & Culture na promoção do património cultural português (4) Informação sobre a coleção do Museu Internacional de Escultura Contemporânea de Santo Tirso; (5) Reflexão e resultados pedagógicos.

Literatura como Património: Pandemias na Ficção
Rogério Miguel Puga (CETAPS, NOVA FCSH e CEI, P. Porto)

Em pleno período de quarentena provocada pelo vírus SARs-CoV2, o presente estudo analisa quer o papel da literatura enquanto património imaterial e representação (est)ética da natureza e da condição humanas, quer o uso social da literatura, a partir de um corpus representativo de ficções literárias (Literatura-mundo), desde a Antiguidade Clássica à actualidade, que representam e comentam pestes, epidemias e pandemias enquanto realidades e discursos-constructos médicos, culturais e literários. Influenciada por epidemia reais, a literatura metaforiza a reacção humana à doença mortal omnipresente, e, talvez por essa razão, desde o início da atual pandemia de COVID-19, as vendas e as referências a La Peste (1947), de Camus, e Ensaio sobre a Cegueira (1995), de Saramago, entre outras obras em listas de contagion novels, dispararam. Esse fenómeno recente recorda-nos, como a nossa análise comprova, que as alegóricas ‘ficções pandémicas’ funcionam como comentário social, catarse (emotiva), conforto (‘não estou sozinho nisto!’) e guia de sobrevivência, face à ‘doença como metáfora’ (Susan Sontag), à incerteza, à biopolítica, e até à ‘banalidade do mal’ (H. Arendt), para o indivíduo, a família (surto), a comunidade (epidemia) e a humanidade (pandemia).

Tradución, esoxénese e patrimonio
Anxo Fernández Ocampo (Universidade de Vigo)

Dentro do debate xeral sobre a relación da tradución coa paisaxe, esta comunicación pregúntase pola correlación que se establece entre os ‘obxectos-fronteira’, monumentos de patrimonio local que manifestan unha orixe estranxeira, e os ‘termos-fronteira’, entendidos coma topónimos estranxeiros inseridos nun texto traducido.

Desenvólvese unha hipótese de traballo contrastando a sintaxe espacial e o discurso apoloxético de tres monumentos ―dous obeliscos e un cruceiro― coa erosión producida polos topónimos estranxeiros, verdadeiros enclaves exotizadores, no tecido morfolóxico dos textos traducidos.