Conferência “As Lendas – Uma Perspetiva Intercultural. O Caso das Lendas Marítimas”, Joel Cleto (Câmara Municipal de Matosinhos) | 28 de Outubro de 2011

28 de Outubro de 2011 | 16.00 | ISCAP

RESUMO

Um náufrago, miraculosamente salvo, está na origem da capelinha do Senhor da Pedra, em Miramar. Uma sereia encantada continua a aparecer, nos nossos dias, no Cabedelo. Neste mesmo local, no século XVI, um dos homens mais poderos do Porto – Pedro Cem – tornou-se num dos mais miseráveis habitantes do burgo: Pedro Sem. Um barco de pedra, com o corpo de Santiago, passou ao largo de Matosinhos e aqui fez surgir a associação entre aquele santo e as conchas de vieiras. Nessa mesma praia, alguns anos depois, o mar daria à costa uma das mais antigas esculturas de Cristo existentes no mundo, dando também origem ao nome “Matosinhos”. Na segunda metade do século XIX o estuário do rio Leça assistia a uma estranha contenda pela posse de uma antiga e afamada imagem de Nª Srª da Conceição… estas, e muitas outras lendas (às quais não faltam as do século XX, com o Salão de Chá da Boa Nova à mistura) fazem parte do Património imaterial da região. Independentemente do fabuloso e do irreal que estas narrativas tradicionais encerram, elas são também prova  e testemunho das comunidades e das suas memórias que, há muitos séculos, se articulam de diferentes modos com o mar. Diferentes comunidades. Diferentes culturas. Diferentes abordagens e manifestações. O mar é, pois, um privilegiado espaço intercultural. E as suas lendas são um privilegiado campo de análise e estudo  interdisciplinar.

Nota Biográfica

Licenciado e mestre em Arqueologia pela Universidade do Porto. Divulgador da História e Património. Arqueólogo na Câmara Municipal de Matosinhos.


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