Conferência “‘Você é Bom Prof mas a Matéria é uma Seca’ – Sobre as Relações entre Registo Discursivo e Interculturalidade na Comunicação”, Carlos A. M. Gouveia (Fac. Letras Univ. Lisboa e ILTEC) | 23 de Abril de 2010

23 de Abril de 2010 | 16.00 | ISCAP

RESUMO

Por comunicação intercultural entende-se o processo que ocorre quando uma mensagem que é produzida numa cultura é interpretada numa outra cultura. Embora possa ser, como normalmente acontece, perspectivada a partir de uma dimensão inter-nacional – i. e., comunicação intercultural é a comunicação entre indivíduos de diferentes culturas e línguas –, esta definição permite também uma leitura a partir de uma dimensão nacional – i. e., é também comunicação intercultural o processo de comunicação entre indivíduos de uma mesma cultura pertencentes a grupos social e sociologicamente diferenciados.

Como se deduz pelo título desta apresentação, o entendimento de comunicação intercultural aqui adoptado é o segundo. Neste sentido, partindo de uma visão linguística da comunicação, será propósito da apresentação dar conta do modo como a noção de registo discursivo, a partir das suas três variáveis, campo (field), relações (tenor) e modo (mode), pode ajudar a explicar o fenómeno da interculturalidade na comunicação. Visto como a manifestação da interpessoalidade entre indivíduos, o processo comunicativo será, portanto, caracterizado como intercultural, o que em última análise, equivale a dizer que toda a comunicação é, por natureza, comunicação intercultural.

O uso das formas de tratamento em português europeu será tratado no quadro desta apresentação como exemplo de manifestação de interpessoalidade e de (des)adequação de registo, dando-se assim conta do papel dos indivíduos na formação da(s) cultura(s) e os constrangimentos que esta(s), por sua vez, opera(m) na comunicação entre eles.

Nota Biográfica

Carlos A. M. Gouveia é Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e investigador do ILTEC-Instituto de Linguística Teórica e Computacional, onde coordena o Grupo de Investigação Discurso e Literacia. As suas áreas de investigação são a Linguística Sistémico-Funcional, a Análise do Discurso e a Análise Crítica do Discurso. No que respeita à docência de cursos de graduação, as suas práticas têm incidido, nos últimos anos, na leccionação das cadeiras de Comunicação Intercultural e de Análise do Discurso; em cursos de pós-graduação (mestrado e doutoramento), tem leccionado os seguintes seminários: Modelos de Análise do Discurso, Análise Crítica do Discurso e Construção Social do Género, Língua e Literacia – Géneros e Registos do Discurso, e Pedagogia e Desenvolvimento da Escrita – Textos, Processos e Práticas.

Entre múltiplos artigos nas suas áreas de investigação, publicados tanto em português como em Inglês, as suas publicações incluem os seguintes livros: Introdução à Linguística: Geral e Portuguesa (1996, co-organizador), Língua (1998, co-autor), Discourse, Communication and the Enterprise: Linguistic Perspectives (2004, co-organizador).


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